ATENÇÃO :








Este blog não contém histórias verídicas assim como a realidade dos personagens. Aqui só é permitido a imaginação. Qualquer palpite mandar um email ou um comentário, ideias são sempre muito bem-vindas.






quinta-feira, 17 de junho de 2010

Do Renascer ao Pôr-do-Sol (Parte 1)






O sol foi nascendo lentamente por entre as montanhas, aquecendo os flocos de neve até o solo úmido de terra, cheio de musgo, caminhando delicadamente por entre as copas das arvores em direção a cidade onde iluminava gradativamente cada centímetro de concreto, não que este fosse muito, já que a vegetação nativa era maior do que as construções. Composta por altas árvores -de troncos brancos e folhas extremamente verdes- o cheiro de eucalipto dominava o ambiente logo ás 6: 00 AM, assim a cidade despertava. Uma população humilde e de renda mediana, típica da região sulista. Logo na vespertina do dia, podia ver-se o movimento de viaturas fazendo rondas, o comércio abrindo e uma gélida neblina que impedia a vista das montanhas do deserto, sim, era uma cidade com muitas árvores no meio de uma cadeia de montanhas seguidas por um longo deserto ao norte e uma vasta floresta ao sul. Um total de 8 mil habitantes, fazia com que praticamente todos se conhecessem, com exceção daqueles que viviam em locais mais afastados, floresta adentro.


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O sol foi entrando pelas fendas da janela de madeira maciça, ‘deslizando’ até os pés da cama, sem pedir licença subiu pelo lençol até alcançar sua pele, como num toque macio de seda, fez um carinho impossível ao toque humano e obteve com sucesso um despertar calmo e sereno de Jou (Jouanne). A menina abriu os olhos e saudou brevemente o sol, empurrou o lençol, e sentou na cama, olhando para o quarto – chão de taco, uma cama acompanha por um criado mudo, uma escrivaninha antiga, janela grande com uma cortina de bambu, colcha de renda jogada aos pés da cama, uma cômoda ao lado da janela e um tapetinho na porta, que se encontrava fechada no momento- calçou os chinelos e levantou, passando as mãos sobre seu cabelo ondulado e macio de brilho único, percebeu a ausência de comida no organismo, foi até o banheiro, escovou os dentes e resolveu tomar café. Ninguém havia levantado ainda, para sua gratificante felicidade, teria paz, mesmo não gostando de levantar cedo, era sua hora do dia predileta. Voltou para o quarto, pegou uma calça jeans e uma ‘babylook’ branca, calçou seu tênis ‘batido’ e sujo, jogou a mochila nas costas, segurada por um ombro só e saiu, passando pela sala e atravessando o jardim.
Já na rua, foi ‘a pé’ para a escola, como todos os dias, descendo a larga e comprida rua onde morava, era um tanto inclinada e seu final encontrava em uma rua bastante movimentada que saía na avenida principal. Não andava com pressa, pois estava bem adiantada, queria muito ver as montanhas com seu topo coberto por neve – mesmo á distancia conseguia enxergar tudo! – mas a neblina diária impossibilitou-a de realizar esse desejo matutino.
Na esquina da sua rua, não pode deixar de notar o pouco movimento dos comerciantes e trabalhadores que já iniciavam sua ‘labuta’, caminhou rapidamente chegando á avenida principal da cidade, onde a escola ficava bem no fim, perto do começo da estrada – a saída da cidade. Seria um ano difícil, já que saíra de uma cidade grande e fora para um local muito pequeno, seu pai havia perdido o emprego e sua mãe fora contratada para trabalhar numa doceria naquele fim de mundo, apesar do local ser pequeno, não conhecia ninguém. Havia apenas um colégio de ensino médio e não teve muita opção.
A escola era um prédio de tijolinhos a vista, tinha dois andares, bem antigo, sua estrutura era cercada por árvores e tinha apenas uma entrada, este fazia o contorno do quarteirão, e no centro era o IMENSO pátio, com cantina, varias mesas e banquinhos. Atrás, nos fundos, tinha uma abertura para a floresta, fechado por uma ‘porteira’, é, era bem antigo MESMO.
Ao entrar pode ver que REALMENTE todos se conheciam. As meninas tinham aquele estilo country, usavam as botas mais bonitas e excêntricas q já vira, com regatas coloridas, enquanto os meninos abusavam do jeans surrado e uma camisa de botões largada de manga três quartos, os cabelos, na maioria, lisinhos e claros, ela era - pelo o que pode ver- a única ‘morena-ruiva’ – cabelos castanhos com um leve tom de berinjela/roxo - de lá, sentiu-se estranha devido ás suas vestes urbanas demais, mas viu que diferente das grandes cidades, ninguém reparara a presença de uma estranha deslocada. Foi andando pelo prédio buscando a secretária para pegar seus horários. No corredor da ala leste, havia muita gente olhando o quadro de avisos, tentou não esbarrar por ninguém enquanto passava sorrateiramente pelos fundos, mas foi tão rápido que acabou esbarrando em um cara que tentava fazer o mesmo, em direção oposta a sua, pediu desculpas rapidamente e tentou passar, mas pareciam estar sincronizados, até que ele a segurou pelo braço e trocou de lugar com a mesma, possibilitando a passagem de ambos, nesse momento ergueu a cabeça e viu um rapaz, alto do cabelo liso, num tom de mel esverdeado, bagunçado, barba falha, trajava uma calça Jeans praticamente branca de tão surrada, com uns rasgos no joelho, caindo, uma flanela verde e azul mal colocada sobre uma regata branca, a qual deixa a mostra o seu físico ‘almost-Vin Diesel’, era forte, porém magro, ombros largos e intensos olhos ‘azuis-acinzentados’. Não pode deixar de ficar estática encarando o rapaz inconscientemente, enquanto o mesmo a encarava com cara confusa e divertida. Ele não pode deixar de notar que ela apesar de não ser alta e ter um padrão de beleza mundial, era excentricamente atraente. Era de estatura mediana, cabelos longos e repicados ‘castanho-arroxeados’ bagunçados, com ondas nas pontas e lisos em cima, macios e muito brilhantes! Tinha os olhos cor de mel, e na era magra e nem gorda, não tinha ‘Las curvas’ que beneficiam todas as mulheres de ‘grande-porte’, era comum, ou não, sua pele era bem clara e seus olhos grandes e bem marcados, suas unhas tinham um esmalte verde descascando de tão velho, achou tão engraçadinho o estilo da coitada que não pode segurar o riso ao notar aqueles olhos lhe fitando com uma expressão de leitura impossível. Jou percebeu a situação e puxou seu ante-braço das mãos do rapaz – que por sinal tinha um ‘pulso’ forte – e muito sem graça saiu, sem perceber que ele a puxara novamente e espantada ouviu um murmúrio mas, devido ao excesso de conversa dos estudantes não entendeu o que o garoto disse, este saiu puxando-a em direção á um corredor vazio e escuro, encostou-se próximo ao vaso de flores e perguntou: “ O que está fazendo perdida aqui menina?” “Eu, bom, estava indo á secretaria e se me permite, vou continuar o que pretendia fazer.” A menina tentou sair, mas viu –se presa entre a parede o cara, que exalava um perfume absurdamente bom, um cheiro doce mesclado a um cítrico natural. “Não, eu não permito, não terminei de falar ainda.” “Diga logo, não tenho todo o tempo do mundo” “Qual o seu nome, primeiramente?” “Jouanne, Jou, como quiser” “Jou do que?” “Ai Deus, isso importa?” “Sim.” “Jou Baldwin” “Hum, prazer, sou Nicolas Maximillium, mas me conhecem por Max” “Prazer Max, agora eu posso sair?!” Disse tentando empurrá-lo em um tentativa fracassada, tal que provocou uma proximidade forçada por ele ainda maior, “ Eu digo quando sair” falou com a boca extremamente próxima de suas narinas, então ela percebeu que ele era fumante, “Você fuma?” “Não é da sua conta” “Fuma.” “Não precisa ir a secretaria hoje.” “Como não?!” “Você está na minha sala” “Como sabe?!” “Olhe bem ao seu redor, acha mesmo que tem mais alunos novos aqui?!” “Bom, não sei, você já viu, eu sou nova, não faço idéia de como funcionas as coisas por aqui, por isso estava indo para a secretária.” “Não precisa, você vai andar comigo e eu direi como funcionam as coisas.” “Você diz como se eu não tivesse opção.” “E quem disse que tem?” “Eu sou livre, não manda em mim.” “Você é por que não me conhece.” “O que quer dizer com isso?” “Quero dizer que já estava a sua espera!” “Me conhece?” “Ainda, não.” “Então, como estava me esperando?!” “Não pergunte mais nada, eu digo quando perguntar.” “Você é muito autoritário, sabia disso?!” “Isso te incomoda?” “Sim, não gosto que me limitem.” “Pois trate de aprender a gostar , porque será assim daqui para frente.” “A escola é assim?” “Eu sou assim” “Han?” Ele aproximou seus lábios aos ouvidos da garota e murmurou “Agora, você vai me seguir, vou te mostrar a escola, não irá fazer perguntas, irá ignorar os outros alunos enquanto estiver comigo, nas aulas, será minha dupla e tudo que for fazer terá que ter o meu consentimento antes.” Antes que pudesse responder, já estavam no corredor, seguindo a oeste, e ela viu que Max a segurava pelo ombro, olhou para ele e tentou tirar o seu braço, tal que ele a segurou pelo ante-braço com mais força e saíram andando mais rápido, passou as duas horas seguintes conhecendo a escola, já que a direção consentiu que ele apresentasse a estrutura para a novata.
Após a apresentação do local, seguiram para suas próximas aulas. As mesas eram organizadas em três fileiras de cadeiras duplas. Ele a conduziu até a última do lado esquerdo da sala, próximo as estantes de livros, diferente das horas anteriores, tiveram seus passos atentamente acompanhados pelos olhares do resto da turma e sem dizer uma só palavra, puxou a cadeira da direita para ela, acenando para sentar-se enquanto sentou na esquerda. A aula prosseguia muito bem, apesar de suas atitudes robustas e grosseiras, ele tinha um olhar triste e carente que hora alguma transparecia em suas palavras, estava distraída batucando o lápis e pensando sobre os recentes acontecimentos, quando sentiu seu cabelo sendo colocado para atrás de sua orelha e ouviu “Hoje, não teremos as próximas aulas, por causa que terá uma reunião de representantes de classe. Você quer passar o intervalo e as aulas vagas comigo?” “NOSSA. Isto foi uma pergunta? O que acontece se eu dizer não?” “Bom, então nunca mais irá ouvir falar de mim, simples assim.” Foi nesse momento que ela se deu conta do quanto precisava dele e que o fato dele sair da sua vida estava fora de cogitação; “Então, vai querer, ou não?!” Jou acenou com a cabeça concordando.
O sinal do intervalo tocou, todos saíram da sala. Jou não tinha a mínima pressa e arrumou seu material sem a menor preocupação, levantou-se e olhou á procura de Max, que já estava de pé ao seu lado com uma mão estendida. “O que foi?” Perguntou referindo-se á mão postada do rapaz, “Sua mochila” “O que quê tem ela?” “Me passa sua mochila.” “O quê? Pra quê?” “Passa sua mochila!” Perguntou ele impaciente e -percebendo uma certa tensão- pegou a bolsa com receio e lhe entregou; o garoto jogou a mochila dela nas costas e saiu andando, fazendo apenas um aceno para segui-lo, mais do que rapidamente prontificou-se ao seu lado, acompanhando seus passos. Chegaram ao pátio, dirigindo-se até os bancos mais afastados, perto da ‘porteira’. Jou ficou curiosa para saber aonde estavam indo, pois, apesar de poder enxergar a tal ‘porteira’ não sabia como chegar até tal, devido as árvores – largas, de raízes volumosas e de folhagem espessa, que bloqueavam a passagem. Max foi até uma grande pedra de mármore ‘cru’ que estava praticamente grudada á outra, tirou a flanela (blusa), passou seus braços pelos ombros dela – como se fosse abraçá-la - e colocou a flanela dizendo “ Caso esbarre nas pedras, não vai sujar a sua roupa. Mas por favor, tente não esbarrar, nem se machucar.” Pegou na mão da menina e passaram pelo estreito vão entre as pedras, que aparentavam ter meio metro de extensão. Após pular as bolsas jogadas na grama, viu que era um pequeno circulo de árvores com uma mesa de mármore branca junto a quatro cadeiras do mesmo material; ambos sentaram frente á frente, ela com os braços cruzados e ele inclinado em sua direção com os braços apoiados sobre a mesa, após uns minutos de silêncio, ele perguntou “O que está fazendo nessa cidade?” “Nada” “Bom, se não está fazendo nada, acho que deveria voltar.” “Você acha ou tem certeza?” “O que está fazendo aqui?” Disse mais sério, “Ah, você não vai querer saber” “Se eu não quisesse saber, não estava perguntando.” “Meu pai perdeu o emprego, minha mãe recebeu um convite para vir trabalhar em uma doceria aqui; as coisas são mais baratas, ‘cá estou’” “Qual é a profissão do seu pai?” “Ele é médico” “Médico especializado em...?” “Em doenças que afetam o sistema imunológico.” “Ele é bom?” “Sim” “Então por que foi demitido?” “Por que o último paciente que teve, estava em um estagio muito avançado da doença e ele recusou-se á tratá-lo, entretanto a família do homem o obrigou a tentar assim mesmo, ele não aguentou e veio á falecer, como o previsto.” “E ele perdeu o emprego por estar certo?” “Não, a família o processou alegando negligência.” “Hum ...” “E você, é daqui mesmo?” “Você trabalha?” “VOCÊ É DAQUI MESMO?” “Eu já te disse e sinceramente espero não ter que voltar repetir, quem pergunta aqui sou eu, você só pergunta quando EU quiser!” “Olha aqui, de palhaça eu só tenho a cara! Se for para ficar agüentando grosserias, eu estou indo embora!” Disse indignada pegando sua bolsa e saindo aos tropeços, estava preparando para jogar a mochila quando num movimento brusco sentiu ser puxada pela cintura e ser jogada contra a pedra, sua cabeça estava prestes a colidir, quando Max a segurou firme, sua respiração estava acelerada e Jou não havia reparado o quão pálido ele estava,sentiu seu hálito de menta com nicotina subiu ardendo por suas narinas enquanto ele falava sem fôlego “Você não tem cara de palhaça. Por favor, não vá, desculpe! É que estou acostumado a ser assim, com todos...” Soltou a garota – que de tanto susto, era possível ouvir seu coração batendo acelerado – e com passos incertos e tonto, sentiu seu corpo fraquejar, estava quase caindo, a menina notando a situação correu para segurá-lo,depois ajudando ele a ir até a cadeira, sentando-o, ela tirou o cabelo de seu rosto , pegando a garrafinha de água da bolsa e fazendo com que bebesse um pouco. Após alguns minutos de aflição com a voz rouca e recuperando um pouco a consciência, disse “ Vai embora” “Mas você pediu que eu ficasse! ”“ Vai embora! ”“ Não vou! Você já não está bem, não vou te deixar nesse estado! ”“ Eu estou bem, vai logo! ”“ Para de ser tão teimoso, eu não vou! ”“ Você é muito chata garota, some daqui! ” Ela abaixou á altura de seus olhos, com as mãos sobre os joelhos dele e disse calmamente “ Pode dizer o que quiser, mas não vou te deixar.” “Você não vai desistir de mim, não é?!” “Não, não vou.” “Obrigado.” . Por meia hora permaneceram em silencio observando a vegetação local, a cor de Max foi voltando aos poucos e sua ‘firmeza’ se estabilizando, porém ainda sentia-se fraco. Jou olhou ao redor e reparou coisas que antes não havia notado, ao nordeste do circulo tinha um pequeno espaço entre as arvores que dava caminho para uma trilha – que provavelmente levava até a ‘porteira’-, tinha um banco grande feito de tronco de madeira e diferente do centro, ficava sob as sombras das árvores; ela levantou e sentou-se no banco, apoiando suas costas em um tronco de árvore, ficou ali contemplando a brisa fresca e o ambiente. Estava muito cansada, foram muitos acontecimentos para um único dia, tudo o que queria era poder deitar, mas isso só na hora que chegasse em casa. Perdida em seus pensamentos, não notou que Max sentara ao seu lado e a fitava curioso, “O que foi? ” “ Você me intriga”“ Haha acho que é o oposto hein?! ” “ Você deixou algum namorado na outra cidade? ” “ Ah, não”“Duvido! ” “ Por quê? ” “Ah, não preciso nem falar” “Conta vai..Você já namorou? Não acredito que não tenha deixado ninguém” “ Então, já namorei, tive rolos, mas nada que eu pudesse dizer que sinto saudade.” “Nossa...” “E você ? ” “ Ah, eu não gosto de me envolver com ninguém.” “Ninguém? ” “ Ninguém, nem como amizade, muito menos algo a mais.” “Então por que insiste que eu ande com você?!” Ele virou o rosto cabisbaixo, olhou novamente para Jou e a mesmo viu que ele estava ficando fraco de novo ele deitou em seu colo e assim permaneceram por uns quarenta minutos. O horário escolar estava acabando, depois de comerem um lanchinho, resolveram ir embora. Ela foi andando, até que uma moto á parou e viu que era o Max,tal que lhe ofereceu carona, entretanto ela não quis aceitar e ele disse “para de graça e sobe!” “Você passou mal, acha mesmo que vou andar de moto contigo ‘pilotando’ ? ” “Não foi uma pergunta” “Desculpe, mas não vou subir e ponto final.” Desceu da moto, pegou a bolsa dela a força, guardou sob o banco entrelaçou os braços na cintura da moça e falou sereno ‘Sobe na moto” ela relutou para não subir e ouviu um sussurro no ouvido “Confia em mim, não desista, por favor...” e recebeu um beijo na bochecha subindo na moto logo em seguida.



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por: I am The Phanter.




continua em breve...